segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Eleição no PT: Uma direção representativa é bom para o PT e também para Lula

de dir. a esq. Ricardo Berzoini, Jilmar Tatto e Marco Aurelio Garcia


O artigo a seguir, do jornal O Globo, contém alguns exageros. A relação do PT com Lula é mais profunda do que a mídia imagina. Os principais candidatos na disputa pelo comando do PT, Ricardo Berzoini e Jilmar Tatto, têm se mostrados solidários na defesa partidária e defensores da política de alianças do governo federal.

Os problemas tendem a se agravar pela própria crise de representatividade da direção partidária. Na ausência de uma direção realmente representativa da sua militância, o presidente Lula tende a minimizar seu relacionamento com o partido. Por isso, o primeiro teste será o número de filiados que participarão das eleições em 2 e 16 de dezembro.

Cabe ao partido encontrar na renovação e na convergência de suas principais correntes os nomes que saberão retomar o caminho do diálogo e das propostas para restabelecer o vínculo fecundo entre o PT e o presidente.

Só assim o PT e Lula poderão jogar todo seu peso nas eleições municipais de 2008 que determinarão o curso da própria coalizão governamental e permitirão a construção de uma candidatura de peso para a sucessão de 2010.

LF



O Globo

Eleição no PT deixa Lula isolado
Candidatos a presidir o partido adotam discurso de independência do governo


Ricardo Galhardo
SÃO PAULO.


Presidente da República, fundador do PT e maior liderança nos 26 anos de existência do partido, Luiz Inácio Lula da Silva está isolado no processo de escolha do próximo presidente petista. Lula tentou emplacar o assessor palaciano Marco Aurélio Garcia, mas foi derrotado pela sua própria corrente, Construindo um Novo Brasil (CNB), que preferiu manter o atual presidente, Ricardo Berzoini, em desgraça no Planalto desde o episódio do dossiê Vedoim, mas com chances de vencer ainda no primeiro turno.

De olho nos votos dos militantes insatisfeitos com a relação entre o PT e o governo, Berzoini e outros candidatos adotaram um discurso de independência que, se posto em prática, pode trazer problemas ao governo e reduzir o poder de Lula na escolha de seu sucessor.

— Estou fazendo a campanha independentemente do que o Lula pensa ou deixa de pensar. É uma disputa interna do PT e não tem nada a ver com o governo — disse o coordenador da CNB, Francisco Rocha, o Rochinha, um dos principais articuladores da campanha de Berzoini.

Nos debates entre os sete candidatos à presidência do PT, Berzoini tem defendido uma maior autonomia do partido em relação ao governo. Há um mês, disse que não vai submeter os candidatos petistas nas eleições municipais de 2008 aos interesses do governo, o que pode causar problemas entre os partidos da base aliada. Em entrevista ao site do PT, há duas semanas, Berzoini voltou à carga: — É evidente que o PT errou ao não assumir, no primeiro governo Lula, sua própria condição de autonomia, portando-se quase como correia de transmissão.

É preciso preservar a máxima de que “partido é partido e governo é governo”. Essa autocrítica já foi feita pelo PT, o que ficou nítido quando assumiu a defesa da candidatura petista de Arlindo Chinaglia à presidência da Câmara dos Deputados (contra Aldo Rebelo, do PCdoB, preferido por Lula). Nós enfrentamos muitos desafios para que ela fosse vitoriosa e conseguimos — afirmou Berzoini.

Em conversas reservadas, líderes da CNB dizem que há uma insatisfação da corrente com o governo desde que José Dirceu, Antonio Palocci e Luiz Gushiken deixaram o Ministério.

— Não nos sentimos representados a contento no Ministério.

Sobraram só o Luiz Dulci, Patrus Ananias e o Gilberto Carvalho — disse um deles.

“Não somos filhos de Lula”, diz candidato
O discurso de autonomia em relação ao Palácio do Planalto também foi adotado por outros candidatos. O deputado Jilmar Tatto (PT-SP), apoiado pelas correntes PT de Lutas e Massa, Movimento PT e Novos Rumos, disse recentemente que “não somos filhos do Lula”. A declaração repercutiu negativamente e acendeu a luz amarela no Palácio, já que Tatto tem chances de chegar ao segundo turno.

Tatto é um dos principais defensores da candidatura própria à sucessão de Lula.

— Temos uma relação de confiança com o presidente Lula, mas o partido tem suas posições e vai defendê-las mesmo que haja diferenças em relação a 2010 e outros assuntos. Toda a coordenação política está nas mãos de partidos aliados. A próxima direção tem que reformular a relação com o governo — disse o secretário nacional de Organização, Romênio Pereira, um dos coordenadores da campanha de Tatto.

As eleições do PT serão em 2 e 16 de dezembro. Serão escolhidas, por voto direto, as direções de todas as esferas do partido; 857 mil filiados podem votar, mas a estimativa é de que cerca de 350 mil compareçam.

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