sábado, 24 de novembro de 2007

Cúpula do PSDB aborta nota contra terceiro mandato

Depois de ler esta nota da Folha de hoje, leiam novamente 3º Congresso do PSDB: o monstro do Loch Ness e também esta outra Tucano voa baixo e pensa que é condor



Em jantar na noite de quinta-feira, FHC e presidenciáveis discutiram tema; Aécio e Serra querem mandato de 5 anos

Encontro de dirigentes do partido teve como razão central discutir nome da secretaria-geral; mineiro atuou para manter afilhado

MALU DELGADO
EDITORA-ASSISTENTE DE BRASIL
Folha de São Paulo

Não é crença generalizada no PSDB que os petistas conseguirão levar adiante uma articulação consistente que possa dar viabilidade legal a um terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tenha enfatizado em seu discurso de abertura no 3º Congresso do PSDB que a democracia estaria sob risco, os altos dirigentes do partido, reunidos na noite de quinta-feira num jantar em Brasília, abandonaram a idéia de divulgar uma nota oficial contra uma mudança constitucional que permita a continuidade de Lula no poder.
Participaram do jantar FHC, os presidenciáveis José Serra e Aécio Neves, os senadores Tasso Jereissati (que deixa a direção do partido), Sérgio Guerra (que assume a presidência da legenda) e Arthur Virgílio.
Há, porém, uma outra mudança constitucional que une os tucanos, sobretudo os presidenciáveis: a reintrodução do mandato presidencial de cinco anos sem reeleição. "Isso sim dá caldo", admitiu um tucano que participou do encontro.
Os tucanos sabem que a defesa do fim da reeleição esbarra numa séria contradição, já que foi a articulação do PSDB em 1998 que garantiu a aprovação da emenda que deu a FHC o direito de governar por oito anos.
Ainda assim, Aécio e Serra acham que têm espaço para articular essa mudança no Congresso, pois nunca defenderam abertamente a reeleição, seja como parlamentares, seja como governadores.
Aécio foi voz firme, no jantar, contra a divulgação de uma nota anti-terceiro mandato. Disse aos correligionários que essa seria uma estratégia equivocada e que o PSDB contribuiria para manter na agenda política um debate que não é consensual sequer no PT e que não conta com a simpatia de Lula. Em conversas recentes com o mineiro, Lula demonstrou que seu plano concreto é 2014.
Agora à frente do PSDB, Sérgio Guerra admite que o receio de terceiro mandato não é generalizado na sigla. Mas é reticente: "Eu não acredito em nada bom deste governo. Só acredito em coisa ruim".
Já Tasso Jereissati tenta explicar o sentimento tucano: "Não é um receio do terceiro mandato. É receio em relação ao conjunto da obra: TV Pública, expurgos no Ipea, elogios à Venezuela para dinamitar o Mercosul. É esse conjunto que não está cheirando bem".

Secretaria-geral
Ainda que os debates sobre terceiro mandato, conjuntura política para 2010 e prorrogação da CPMF (o imposto do cheque) tenham permeado o jantar, o assunto central foi a composição da nova direção.
Tucanos históricos queriam uma mudança na indicação da secretaria-geral do partido. O indicado foi o deputado Rodrigo Castro (MG), afilhado de Aécio. Havia um temor de que a denúncia sobre o "valerioduto mineiro", feita pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, pudesse alcançar aliados do governador, entre eles Danilo Castro, secretário de governo de Aécio e pai de Rodrigo.
"Ele fica e com todas as atribuições de um secretário-geral", enfatizou o governador de Minas na conversa com correligionários. "Está tudo certo. Não se cogitou nenhuma mudança", disse Rodrigo Castro. Por enquanto, prevalece a vontade política do governador.

Nenhum comentário: