terça-feira, 26 de junho de 2007

O Filtro de hoje

O filtro de 26 de junho

Por Thomas Traumann
Esta newsletter é um guia para a sua navegação. As notícias que realmente importam, lidas e analisadas no início do seu dia.


THOMAS TRAUMANN
é colunista de política e
chefe da sucursal da revista ÉPOCA
no Rio de Janeiro.

Notícia boa é notícia ruim


Existe hoje uma polêmica entre os exportadores. A Associação de Comércio Exterior do Brasil diz que o saldo da balança comercial no primeiro semestre será de US$ 20,2 bilhões. Já o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial estima um superávit de US$ 20,3 bilhões. Ambos os resultados são recordes e deveriam ser comemorados, mas na Folha a noticia é dada em tom de contrariedade.

O BNDES pode investir em usinas

O BNDES poderá colocar até R$ 17 bilhões no projeto das duas usinas do rio Madeira (Rondônia), em troca de participação na sociedade, informa burocraticamente a Folha. A decisão (o maior investimento direcionado do BNDES desde as privatizações no governo FHC) foi anunciada depois que o governo proibiu a estatal de energia Furnas de participar do negócio. E provavelmente tem relação com informação publicada hoje no Valor de que, sem Furnas, a maior investidora do Madeira, a construtora Ode brecht, já admite procurar sócios estrangeiros para o projeto.

A vitória do Ministério da Saúde

Quase dois meses depois de quebrar pela primeira vez a patente de um remédio do tratamento da aids, por causa do valor elevado cobrado pelo fabricante, o Brasil conseguiu o barateamento de mais um medicamento do coquetel antiaids, anunciou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.Ainda nesta semana, o governo assinará um novo contrato com o laboratório americano Abbott, que fabrica o medicamento Kaletra, que sairá 30% mais barato, o que significará uma economia anual de US$ 10 milhões. As declarações do ministro foram em um evento na Folha, mas curiosamente a melhor reportagem está em O Estado.

O poder dos Brics

O The New York Times mostra que um novo relatório do banco de investimentos Goldman Sachs reforça a idéia da nova ordem gerada pelos Brics (o anacronismo para Brasil, Rússia, Índia e China). Segundo o estudo, hoje uma de cada três grandes companhias de energia pertence aos governos dos Brics _ índice igual ao da Europa e superior aos dos Estados Unidos.

Os EUA operam contra o Brasil

Os jornais dão destaque a uma ação de vários países contra a atuação do Brasil e da Índia nas negociações de tratados de comércio com os EUA e a Europa. Menos ingênuo, o repórter Assis Moreira, do Valor, mostra como o racha interessa aos EUA. "México, Chile e Costa Rica, que têm acordos de livre comércio com os Estados Unidos; Peru e Colômbia, que negociam esses acordos com Washington, além de Hong Kong, Cingapura e Tailândia apresentaram ontem na Organização Mundial do Comércio (OMC) uma proposta defendendo concessões no corte de alíquotas industriais", escreve. O diário britânico Financial Times revela que, na avaliação dos EUA, muito da resistência de brasileiros e indianos em fechar o acordo decorria do temor das vantagens que a China teria na América Latina e no sudeste Asiático.

A jogada da Cosan

A Cosan, maior agroindústria de açúcar e álcool do mundo, anunciou ontem uma emissão global de ações no Brasil e nos Estados Unidos para captar pelo menos US$ 2 bilhões, informa o diário americano The Wall Street Journal. O inusitado da operação é que ela não será feita a partir de São Paulo, mas do paraíso fiscal das ilhas Bermudas, no Caribe. O motivo, revela o Valor , é ampliar os poderes do dono Rubens Ometto de Mello, que, no limite, precisará de pouco mais de 9% do capital da nova companhia, a Cosan Limited, para comandar os negócios. A estrutura parec e ter sido desenhada para que o fundador tenha o melhor de dois mundos: ampla liquidez para suas ações e controle.

Gratificação em troca da normalidade

A partir da tarde de hoje, rotas aéreas especiais vão ligar Rio de Janeiro e São Paulo a cidades do Nordeste e do exterior. Depois de endurecer com os controladores de vôo, o governo quer acalmar a categoria concedendo uma gratificação que vai variar de R$ 800 a R$ 1.100,00 a partir de 1º de julho. A medida, porém, só será oficializada depois de o presidente Lula considerar que a crise nos aeroportos está superada, relata a Folha.

A derrota do Brasil com a juventude

O Produto Interno Bruto do País deixa de crescer meio ponto porcentual por ano porque um grande contingente de jovens não consegue terminar a escola, revela o relatório "Jovens em Situação de Risco no Brasil", divulgado pelo Banco Mundial. O estudo mostra que o número de jovens que chegam ao ensino superior no Brasil é o menor da América Latina, segundo o O Globo

O caráter dos agressores de Sirley

No crime de maior repercussão no Rio desde a morte do menino João Hélio, cinco universitários espancaram e roubaram a empregada doméstica Sirley Dias de Carvalho Pinto. Para entender como garotos de classe média são tão idiotas basta ler a declaração de um dos pais dos agressores, Ludovico Ramalho, hoje em O Extra: "não justifica o que fizeram. Mas prender, botar preso, juntar eles (os agressores) com outros bandidos... Essas pessoas que têm estudo, que têm caráter, junto com uns caras desses?". Caráter? Que caráter, cara-pálida?

Leia a integra da coluna de Thomas Traumann aqui no portal da revista Época

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